domingo, 11 de novembro de 2012

O USO DO CELULAR COMO RECURSO PEDAGÓGICO NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA


Regina Cláudia Pinheiro (UECE)
rclaudiap@yahoo.com.br
Marcia Linhares Rodrigues (FA7)
marcialinharesrodrigues@gmail.com
RESUMO
A tecnologia, difundida no ensino, e a inclusão de recursos tecnológicos, em mui-
tas escolas, já são uma realidade. Porém, há quem discorde do uso, por exemplo, de
celulares como recurso pedagógico. Este trabalho, fundamentado, principalmente, em
Machado, Lousada e Abreu-Tardelli (2004), Araújo; Arruda (2007), Viana; Bertocchi
(2009) e Dieb; Avelino (2009), objetiva perceber o poder de síntese por parte dos alu-
nos ao produzir um resumo e enviá-lo através do site de uma operadora de telefone
móvel, utilizando apenas 121 caracteres. A metodologia utilizada para coleta de dados
foi uma pesquisa-ação, na qual o professor orientou os discentes do 8o ano do ensino
fundamental de uma escola particular em Fortaleza – CE para que lessem um peque-
no conto e, utilizando a linguagem internetês, enviassem, através de torpedo, o resumo
da história para o celular de um colega de sala e do professor. Os resultados indica-
ram que os alunos conseguiram resumir e enviar o texto, fazendo com que seu interlo-
cutor compreendesse a narrativa, bem como se mostraram motivados para o estudo,
utilizando, como ferramenta, o aparelho celular. Assim podemos concluir que o celu-
lar é um instrumento pedagógico poderoso, pois concentra várias mídias, contribuin-
do para o desenvolvimento de competência comunicativa dos alunos.
Palavras-chave: Celular. Redação. Resumo. Edição. Internetês.
1.
Fundamentação teórica
1.1. Uso pedagógico do celular
Desde seu surgimento, em 1973, o celular vem se aperfeiçoando e
atraindo, cada vez mais, a atenção das pessoas. Essa atração deve-se,
principalmente, à mobilidade e às diversas possibilidades que ele retém,
tais como ouvir rádio ou mp3, assistir à TV, tirar fotos, fazer filmes, gra-
Revista Philologus, Ano 18, N° 52. Rio de Janeiro: CiFEFiL, jan./abr.2012
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Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos
var voz, jogar videogame, mandar e receber e-mails ou arquivos, acessar
a Internet etc. (ANTONIO, 2010).
Apesar de todas essas facilidades e do apego que, principalmente,
os jovens têm a ele, muitas instituições escolares ainda o abominam e o
proíbem em suas aulas. No entanto, Segundo Bock (2010, s/p.), “conde-
nado pelos incômodos gerados no ambiente escolar, o telefone celular es-
tá prestes a se transformar em um aliado no processo de aprendizagem,
segundo um estudo de um grupo de pesquisadores internacionais”. Este
estudo, que identifica tecnologias que podem ter forte impacto na educa-
ção nos próximos anos, menciona atividades que podem ser realizadas
com o celular em sala de aula. Dentre elas, citam-se:
ü gravar trechos de explicações do professor;
ü compartilhar com a turma, por meio de redes sociais e blogs,
  dados de saídas a campo;
ü usar calculadora;
ü utilizar a agenda para as tarefas;
ü enviar mensagens de atividades para os colegas.
Atentos a essas atividades cotidianas dos alunos com o uso do ce-
lular, os docentes devem, ao invés de abominá-los, enfrentar o desafio de
ensinar com o aparelho proibido para atrair a atenção de seus alunos e
tornar o ensino mais lúdico, pois conforme Monteiro e Teixeira,
o que se pode dizer é que o celular vem dialogando com as culturas as quais
possivelmente já estão presentes nas salas de aula e/ou no espaço escolar com
uma disposição que pode possibilitar emergir novas culturas e novas práticas
pedagógicas. (MONTEIRO; TEIXEIRA, 2007, p. 3)
Considerando essas possibilidades e a atração que ele causa, deci-
dimos usá-lo como ferramenta pedagógica para atrair os alunos na tarefa
de ler e escrever e planejamos uma aula em que os alunos possam fazer
uso dessa tecnologia. Esse momento didático consta de leitura e produ-
ção escrita no qual os alunos devem ler um conto, resumi-lo e enviar para
o celular de um colega e do professor.
A seguir, veremos algumas considerações sobre a atividade de re-
sumir textos escolares.
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1.2. O resumo escolar
O resumo tem sido uma atividade exigida pelos professores desde
muito tempo com o objetivo de averiguar diversas habilidades, dentre e-
las a compreensão de textos que os alunos leram. No entanto, se até
mesmo os alunos de graduação e pós-graduação demonstram dificulda-
des em produzir resumos (MACHADO; LOUSADA; ABREU-
TARDELLI, 2004), o que pensar dos discentes do ensino básico que têm
poucas orientações sobre a escrita do gênero. Assim, mesmo quando eles
leem e entendem o texto original, têm dificuldades de escrever resumos
porque este gênero demanda habilidades que vão além da compreensão
do texto original. Nesse sentido, Machado, Lousada e Abreu-Tardelli
(2004, p. 13) apontam, como uma das causas dessas dificuldades “a falta
do ensino sistemático desses gêneros que seja orientado por um material
didático adequado. Frequentemente, os alunos são cobrados por aquilo
nunca lhes é ensinado, tendo de aprender por conta própria”.
Leite (2006, p. 11) conceitua o resumo como o ato de “sumarizar
a informação” e afirma que ele é “a comprovação de que houve, efetiva-
mente, compreensão da informação a que o sujeito foi exposto”. A autora
ainda afirma que o produtor do resumo recorre a dois tipos de estratégias
para sumarizar a informação. A primeira, que é a seleção dos conteúdos,
consiste em reter as informações mais importantes, tal como se encon-
tram no texto, e eliminar aqueles trechos que não prejudicam a informa-
ção fundamental. Já na construção, o leitor reconstrói o texto por meio de
generalização ou substituição das informações.
Para suprir as dificuldades citadas acima, Machado, Lousada e
Abreu-Tardelli (2004, p. 13) apontam alguns elementos como indispen-
sáveis no gênero resumo escolar/acadêmico. Assim, inicialmente, é cita-
da a compreensão global do texto original como uma importante caracte-
rística do resumo. Para esse entendimento se concretizar, é importante
que o leitor tenha algum conhecimento sobre o autor, como sua posição
ideológica e seu posicionamento teórico. Além do mais, saber detectar as
ideias mais relevantes para o autor pode contribuir para a produção de
um bom resumo. No entanto, as ideias mais importantes podem se dife-
renciar de leitor para leitor dependendo de seu objetivo.



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